Caminho de Humanidade...

Há um caminho...
Nesse caminho encontramos amores e dissabores,
Nele não há certezas e honras.
Nesse caminho há apenas a vontade certa de penetrar o incerto, mergulhar no mistério e envolver-se pela contemplação de eternidade...
Ah... que eternidade!
A eternidade dos simples que se fazem no tempo.
O tempo dos fracos que se fortificam nos sonhos...
A vida vivida dos que comigo partilham a esperança...
E de repente, no caminho, jaz apenas o encontro: entre o EU que em mim centelha e o TU que em ti contemplo...
Caminhando, enfim, encontro com aqueles que aceitam ser simples; com aqueles que, sendo simples, tornam-se grandes e, sendo grandes, tornam-se detentores de uma sublime humanidade...




Não existe amor maior...

Não existe amor maior...
De repente a gente descobre que não pode mais estar sozinho... que nem a incompletude nossa é capaz de conformar-nos com a ausência de quem nos completa... E então a gente descobre que não pode viver sem o encanto, o carinho, a presença, o amor que Deus nos presenteia...

O que significa ser mestre...

O que significa ser mestre...
Neste dia, a maestria se fez presente na singeleza dos gestos e na simplicidade de quem é sábio na inteireza... de quem é inteiro na sabedoria e humanidade.

domingo, 5 de junho de 2011

Filosofia do biscoito

Vejam que interessante: o supermercado também é lugar de Filosofia. É uma ágora moderna. O poder de compra quase sempre nos liga ao poder social, ao status do indivíduo na sociedade. Mas o poder de filosofar em pleno supermercado é algo diferente.

Ontem, na fila do supermercado ouvi um diálogo em mãe e filho. Ambos estavam fazendo pequenas compras. Em um determinado momento ela o indaga:

- veja, será que esse biscoito é bom?

Ao que que ele responde:

- Bom, até que pode ser. Mas bom mesmo vai ser o preço destes CDs que estou comprando para gravar alguns filmes para o meu amigo e ainda terei que enviá-los pelo correio. Como custa caro ter amigos!

E mãe indaga:

- e vale a pena?

Ele responde:

- até que vale. Nesse caso, vale! Há amigos que escolhemos e amigos que não escolhemos. Como dizia Napoleão: se você não fizer escolhas outros as farão por você. Até mesmo as escolhas ruins, quando assumimos, ficamos satisfeitos quando nos damos conta de que foram nossas e não de outros.

E a mãe respondeu:

- é... vou levar o biscoito!!!

E onde entra a Filosofia? Está no diálogo. Na maiêutica desenvolvida pela dupla de interlecutores na fila de um supermercado e ouvida por mim.

É interessante que no areópago do consumo - um supermercado - ouçamos diálogos semelhantes ao do areópago de Atenas. Mudam apenas o sujeitos. Aquele homem e aquela mulher eram sujeitos do diálogo. Faziam das suas preocupações diárias elementos da sua própria vida.

Partindo de um biscoito, um simples biscoito, chegam ao que é sublime e Transcendente: a arte de fazer escolhas. Na imensidão do supermercado, mãe e filho criam um 'jardim' do diálogo. São capazes de perceber que mesmo ali, rodeados pela lógica mercadológica, não esquecem o que faz sentido, que de certa forma está lá fora justamente porque está dentro de si. A esse processo de percepção do interiore e do exterior, da interação e interrelação entre a teoria e a prática, Marx o chama de 'práxis'. Ali estava acontencendo um exemplo de práxis da vida.

Isso só nos certifica que a Filosofia não é e não deve ser uma viagem aleatória pelo intelecto. A Filosofia está ali: na vida simples das pessoas; nas reflexões puras da vida; na vitalidade genuína dos indivíduos; na relação de pais e filhos; na consciência crítica dos indivíduos diante do que está no meio social; no contato com os amigos.

A Filosofia é a Vida. É pensar sobre o que você fez e o que você faz. É saber que a sua vida tem parâmetros de realidade, onde se encontram sinais, elementos, capacidades. É saber que você vive no tempo e que esse tempo muitas vezes o pressiona e o im-pressiona. Saber que esse tempo faz você olhar para frente para logo chegar, o retardar a chegada do "logo" que não quer.

O Tempo é assim: é repentino, maravilhoso. O tempo é divino quando uma mãe espera um filho. O tempo é fatal quando um preso no corredor da morte conta os dias da sua execução; o tempo é divino quando logo passa e chega o dia do trabalhador receber o salário, o tempo é macabro quando logo passa e aproxima o dia de pagar as dívidas já tão abaladas pelo ritmo também temporal dos juros que assolam.

É assim a nossa vida. De um simples biscoito podemos chegar à reflexão das escolhas. De um simples biscoito vislumbramos sinais que eternizam ou temporalizam a nossa forma de ser...

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